No coração do Atlântico Norte, onde as forças da Terra se expressam com uma beleza bruta e envolvente, ergue-se a ilha de São Miguel – a maior do arquipélago dos Açores e a maior extensão de terra de todo o território português insular. Mas o que muitos não sabem é que São Miguel nem sempre foi como a conhecemos hoje. A ilha verde, coberta por vegetação exuberante e marcada por lagoas, montanhas e termas, já foi, na verdade, duas ilhas separadas. O seu passado geológico é uma verdadeira viagem no tempo, feita de fogo, água e transformação – uma jornada que moldou não só o relevo, mas também o espírito deste lugar. A Origem Submarina: O Início de Tudo Tudo começou há cerca de 8 a 10 milhões de anos, quando a intensa atividade vulcânica no fundo do oceano começou a formar as primeiras ilhas dos Açores. São Miguel emergiu gradualmente das profundezas do Atlântico, construída por camadas de lava, cinzas e movimentos sísmicos. A parte mais antiga da ilha localiza-se no atual Nordeste, nascida há cerca de 4,1 milhões de anos com a atividade do Complexo Vulcânico do Nordeste. Mais tarde, há 1,1 milhões de anos, o Complexo da Povoação juntou-se a este cenário, criando uma segunda massa de terra. Durante milhares de anos, estas duas ilhas existiram separadas, até que a ação contínua do vulcanismo formou a ponte terrestre que as uniu. É na união destas duas antigas terras que se encontra a Serra da Tronqueira e o ponto mais alto da ilha: o Pico da Vara, com 1.105 metros de altitude. Esta zona é rica em biodiversidade e marcada por vales profundos, florestas densas e montanhas que convidam à contemplação. Cenários Místicos e Criações de Fogo Depois da formação das duas ilhas iniciais, a Terra continuou a sua dança criativa. Surgiram então os grandes vulcões que dariam forma à paisagem única da ilha atual. O Vulcão das Furnas, há cerca de 800 mil anos, tornou-se famoso pelas suas caldeiras, águas termais e o famoso Cozido das Furnas, preparado no calor natural da terra. É uma área viva e borbulhante, com energia palpável e paisagens que curam. O Vulcão das Sete Cidades, mais jovem, emergiu há 500 mil anos. A sua cratera abriga as icónicas Lagoa Azul e Lagoa Verde, envoltas em lendas e rodeadas por encostas verdejantes. Este é um dos cartões-postais mais emblemáticos dos Açores, com uma energia que encanta e transforma quem a visita. No centro da ilha, o Complexo Vulcânico de Água de Pau, que surgiu há cerca de 250 mil anos, abriga a mágica Lagoa do Fogo. Alimentada por 18 cursos de água, é uma reserva natural rodeada por vegetação endémica. Aqui, a beleza selvagem mistura-se com as águas termais da Caldeira Velha e as termas da Ribeira Grande, criando um ambiente ideal para descanso e reconexão. Quando Duas Se Tornaram Uma Entre o Vulcão das Sete Cidades e Água de Pau existia, até há cerca de 50 mil anos, um canal marítimo que separava as duas antigas ilhas. Foi graças à atividade do Sistema Fissural dos Picos, que formou uma vasta plataforma de terra, que São Miguel se tornou finalmente uma única ilha. Esta região, onde hoje se localiza Ponta Delgada, é geologicamente a mais jovem e energeticamente vibrante. Uma Terra em Movimento Com cerca de 500 vulcões catalogados, cinco dos quais ainda ativos, São Miguel é uma ilha que pulsa com a energia da Terra. Aqui, as forças geológicas continuam vivas, não só criando paisagens deslumbrantes, mas também alimentando a produção de energia geotérmica, que representa aproximadamente 70% da eletricidade consumida na ilha. Viajar em Consciência pela Ilha Verde Explorar São Miguel é mais do que fazer turismo – é viver uma experiência transformadora. Cada lagoa, cada trilho, cada nascente termal conta a história de uma Terra em constante renascimento. Na Welcome Home Azores, honramos essa história e convidamos-te a descobrir esta ilha não só com os olhos, mas com o coração. Acreditamos que cada viagem é uma oportunidade de regresso a casa – ao nosso centro, à nossa essência, à natureza que nos habita. Em São Miguel, o passado geológico encontra o presente consciente. E a paisagem que te rodeia é o reflexo da transformação que também podes viver.